Mau hálito … e quando nota, culpa injustamente o estômago pelo problema, que pode ter mais de 50 causas. Mas há uma notícia refrescante: o cheiro ruim tem cura. Você já ouviu que o mau hálito começa no estômago, certo? Esqueça. As causas se relacionam com o açúcar no sangue, com o fígado e com mais dezenas de fatores.

“Ele quase nunca tem origem estomacal”, diz Maurício Duarte, dentista paulista e um dos fundadores da ABPO (Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca). Para os especialistas, esse fedor tem outro nome: halitose. Felizmente, o problema passou a ser resolvido com a ajuda de instrumentos capazes de mensurar os compostos que saem pelo ar na expiração. Conhecê-los um por um ajuda a encontrar a causa é, lógico, a acertar no tratamento.

“Em poucas semanas,eu me curei de um mau hálito que me perseguia nos últimos dez anos”, relata M.A.M., uma professora aposentada de 59 anos que vive em Campinas, no interior de São Paulo. Ela era uma exceção, porque sabia que tinha o problema. Normalmente, o cérebro se acostuma com os odores exalados pelo organismo e os ignora.

Daí que os portadores da halitose nem desconfiam de algo errado. Balas, enxaguatórios bucais e gotinhas insistem em promessas de resolver as baforadas malcheirosas, acabando com supostos distúrbios estomocais. Duas mentiras. Em primeiro lugar, são recursos paliativos, que só disfarçam a halitose por alguns minutos – isso quando não resultam em misturas aromáticas desastrosas, como bafo de onça com hortelã.

A segunda informação enganosa diz respeito ao estômago: “De fato, em algumas pessoas a comida parcialmente digerida pode voltar pela garganta, causando o mau hálito. Mas isso é muito raro”, afirma Maurício Duarte. Para tirar o estômago do banco dos réus, cientistas canadenses fizeram uma experiência usando um dos alimentos mais famosos pelo bafo que deixa como lembrança – o alho.

Ele foi esfregado na sola dos pés de voluntários e até colocado em supositórios. Vinte minutos depois, os pesquisadores mediram a quantidade de compostos exalados pela boca. Bingo, os do alho estavam lá. O salame, a cebola, o ovo, a azeitona e a sardinha também fazem parte do grupo de comidas cheias de compostos voláteis, que saem voando pelo ar com facilidade.

As substâncias do alho, por exemplo, escaparam pela boca provenientes dos pulmões – e não do aparelho digestivo – depois de terem percorrido um longo caminho pela circulação sanguínea . Há um jeito polido de avisar alguém que ele tem halitose. A denúncia é feita via Internet e seu autor jamais é identificado. Então, dentistas mandam uma carta ou e-mail com orientações para a pessoa denunciada.

Eles dizem que isso demora uma semana, mas SAÚDE! testou o serviço e a resposta leva um pouco mais de tempo. Para fazer a denúncia, o endereço é : www.abpo.com.br/mauhalito.htm

De volta para a boca : ENTENDA COMO O ALHO QUE VOCÊ COMEU DEIXA AQUELE BAFO :

1 – ALHO Assim que é mastigado, seus compostos são liberados e impregnam a boca. No entanto, se fosse só isso, uma boa escovação conseguiria eliminar o odor.
2 – ESTÔMAGO Uma espécie de porta se fecha atrás do alho e não deixa que ele ou seus compostos voltem para cima.
3 – INTESTINO O condimento é absorvido e cai na corrente sanguínea.
4 – FÍGADO Ele quebra as moléculas de alho presentes no sangue. Mas, se não funciona direito -ou porque está sobrecarregado de álcool ou porque tem alguma doença, como a hepatite -, essas substâncias vão continuar por muito mais tempo na circulação.
5 – PULMÕES 0 sangue chega ali e vai se enfiando em vasinhos cada vez mais finos até entrar em contanto com o ar para ser oxigenado e jogar o gás carbônico fora.Os compostos do alho pegam carona e escapam.
6 – BOCA O resultado é que, depois de cerca de meia hora da refeição, o cheiro de alho começa a sair pelo ar expirado.

VOLTAR