Quem tem mau hálito, muitas vezes, afasta-se da família, dos amigos e até prejudica seus desempenhos afetivo e profissional. O pior é que algumas pessoas nem sabem que têm o problema.

O portador de mau hálito (halitose) torna-se inseguro e se sente muito preocupado com a reação das pessoas. Se alguém tocar ou coçar o nariz, ou lhe oferecer balas e chicletes, ele já tem a certeza de que foi por causa do seu mau hálito.O cirurgião-dentista Maurício Duarte da Conceição, presidente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca, explica que o mau hálito é um sintoma e não uma doença e há mais de 50 causas para a halitose, sendo que 90% delas têm origem bucal.

Uma das causas mais comuns é a diminuição da quantidade de saliva, originada principalmente por estresse, por certas doenças e por medicamentos(antialérgicos, antidepressivos, anorexígenos, agentes cardíacos, anti-hipertensivos, tranquilizantes e descongestionantes). Essa diminuição da quantidade de saliva favorece a formação de uma placa bacteriana na língua (camada esbranqui-çada), chamada de saburra lingual, que favorece a liberação de enxofre, originando um hálito muito forte.

Outra causa importante são os longos intervalos em jejum, que provocam a hipoglicemia, muito comum em regimes de emagrecimento.

Bebidas alcoólicas, alho, cebola, frituras e alimentos que contenham enxofre e excesso de gordura animal e proteína podem causar uma alteração no aroma bucal, especialmente em pessoas com problemas no fígado.

Intestino preso ou a diarréia podem, às vezes, causar o mau hálito. Diabetes, problema renal grave, carência de vitamina C, algumas doenças e disfunções, além das alterações nos dentes e na gengiva, também alteram o odor bucal.

Diagnóstico
Para o Dr. Maurício, um diagnóstico preciso da halitose envolve a avaliação do nível de estresse do paciente e também de suas funções: renal, hepática, digestiva, pulmonar, endocrinológica e das vias aéreas superiores. Além disso, são necessárias a mensuração da quantidade de derivados de enxofre produzidos na boca (por meio de um equipamento chamado halímetro); a verificação do fluxo salivar (sialometria), da pressão arterial e dos batimentos cardíacos; a realização de um exame bucal completo e a constatação da presença de ronco, entre outros.

Tratamento
“A solução da halitose pode estar na área médica, mas, em mais de 90% dos casos, está na área odontológica. O tratamento não é complicado e, além de obter uma solução definitiva para o problema, ele considera também os aspectos psicológicos, dando o suporte necessário para que o paciente recupere a segurança, a naturalidade e a auto-estima, muitas vezes, abaladas por conviver durante anos com o mau hálito”, explica o Dr. Maurício.

Quando o diagnóstico indicar causas de origem orgânica, o paciente receberá a orientação necessária para a resolução do problema. No entanto, sempre que for necessário, ele será encaminhado para o especialista correspondente para complementar o tratamento (mas isso não é o mais freqüente).

A saburra lingual, uma das causas mais importantes da halitose, deve ser removida delicadamente, utilizando o limpador de língua ou a escova de dentes. “Porém, mais importante é determinar a causa da formação da saburra, pois, assim, estaremos falando em cura e não apenas em controle.

Teste seu hálito
Descubra se você tem mau hálito, executando alguns procedimentos simples:
o raspe a superfície da língua com uma gaze e cheire-a depois de alguns segundos;
o passe o fio dental entre os dentes do fundo. Verifique se o fio apresentou cheiro desagradável;
o faça um auto-exame na língua para verificar a formação da saburra lingual: fique em frente ao espelho e coloque a língua, o máximo possível, para fora. Perceba se há uma camada esbranquiçada (saburra lingual). do problema”, alerta o Dr. Maurício.
Cerca de 95% dos pacientes têm deficiência de higienização bucal. Para melhorá-la, deve-se usar corretamente o fio ou a fita dental e uma escova macia de boa qualidade.É importante aprender a técnica correta de escovação com um dentista.Para portadores de doenças periodontais, gengivite ou aparelho ortodôntico, são recomendadas escovas especiais e técnica de escovação diferenciada. Quem possui próteses removíveis ou totais deve limpá-las após cada refeição, utilizando, de preferência, uma escova e produtos especiais.

O tratamento preventivo inclui também mudanças de hábitos, como evitar intervalos superiores a três ou quatro horas entre as refeições, beber de dois a três litros de água por dia e evitar o consumo excessivo de alimentos com odor carregado, de café e de bebidas alcoólicas, especialmente se a pessoa estiver estressada ou ansiosa. Além disso, deve-se procurar um dentista ao primeiro sinal de sangramento gengival.

Faça uma correta higienização bucal

1. Posicione a escova num ângulo de 45°, dirigindo as cerdas para a junção dos dentes com a gengiva.

2. Comprima e vibre as cerdas suavemente contra as gengivas com um pequeno movimento de rotação em direção ao dente, por 10 segundos em cada conjunto de 2 dentes.

3. Limpe todas as superfícies externas dos dentes superiores e inferiores, usando a angulação e o movimento corretos.

4. Limpe todas as superfícies internas dos dentes de trás do mesmo modo descrito anteriormente.

5. Limpe todas as superfícies internas dos dentes da frente, também da mesma maneira, empunhando a escova perpendicularmente à boca.

6. Faça movimentos vibratórios para frente e para trás, com força moderada, para limpar as superfícies de mastigação dos dentes superiores e inferiores.

7. Escove, por fim, a parte superior da língua.

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