Apesar das pessoas relacionarem o mau hálito a doenças estomacais, especialistas afirmam que 90% dos casos provêm de problemas orais. A boa notícia é que o tratamento pode ser rápido e eliminar completamente os sintomas.

A secretária bilíngüe M.M.A., que ocupa posição de destaque em uma multinacional instalada em Salvador (BA), ficou assustada quando recebeu um e-mail dizendo ela tinha mau hálito.”A mensagem era muito delicada, polida, mas descortinava para mim um problema que eu nem imaginava ter”, lembra.
O aviso veio da ABPO -Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca, uma entidade que associa profissionais que combatem o problema e que tem em seu site (www.abpo.com.br) uma página em que é possível mandar, de forma anônima, uma mensagem esclarecedora a quem tem halitose.

Junto com o aviso, a orientação de um Médico e de um dentista encorajaram a secretária a procurar o consultório de um especialista. “Conforme a mensagem, eu primeiro procurei um dentista, que detectou que o problema provinha de uma faixa de tártaro que eu tinha nos dentes dos fundos. Fiquei horrorizada, justo eu que sempre tive mania de higiene! Mas, ele rne explicou que o problema é comum. Após uma semana de tratamento, fiquei livre de anos de bafo”, diz.

Assim como M.M.A, muitas pessoas não percebem que sofrem de halitose. “O corpo humano tem extrema facilidade em acostumar-se a odores. Por isso, é comum que as pessoas que sofrem com a halitose não percebam”, afirma Luiz Fernando Lobo Leandro, médico especializado em problemas da face.
Lobo Leandro explica que, em 90% dos casos, o problema é semelhante ao da secretária citada, ou seja, local. “Pode ser um dente cariado, uma lesão na boca ou mesmo falta de higiene correta”, diz. Ele lembra que é comum as pessoas esquecerem-se de escovar a língua, o céu e a lateral da boca e que isso pode acumular alimentos que, depois de pouco tempo, exalam odores. “Nestes casos, uma orientação de como fazer a higiene bucal corretamente elimina completamente o problema”, diz.

Causas
Conforme explica o presidente da ABPO, Maurício Duarte da Conceição, o mau hálito é um sintoma e não uma doença. Ele sinaliza algo em desequilíbrio no organismo, que precisa ser identificado e tratado. “ A halitose é um sintoma que pode ser causado por muitas disfunções, dentre as quais algumas temporárias, como jejum por longos períodos e regimes alimentares, até as mais duradouras, como estresse, diabetes, cáries, úlceras bucais.

A má higiene oral, periodontite e gengiva inflamada também são causas freqüentes do mau hálito, assim como a diminuição de saliva, provocada principalmente pelo estresse ou pela ingestão de alguns medicamentos. A falta de saliva facilita a formação de uma placa esbranquiçada no fundo da língua, chamada saburra língual, que causa um hálito desagradável”, fala.

Além destes problemas, as infecções nas vias aéreas superiores – sinusites , amigdalites , rinites e faringites podem gerar mau hálito principalmente por tornar a pessoa um respirador bucal. “Já o estômago, não provoca mau hálito”, alerta o especialista. Ele explica que o mau hálito é proveniente do ar que vêm dos pulmões e que os ares estomacais não misturam-se ao ar dos pulmões.

Diabetes , disfunção renal grave, carência de vitamina C e outras doenças ou disfunções bioquímicas e metabólicas também podem causar alteração no odor bucal, mas todas estas doenças juntas afetam um percentual muito pequeno de pessoas com mau hálito.

Isolamento social
Apesar de parecer simples, a halitose pode afastar as pessoas do convívio social e até fazer com que elas percam oportunidades de emprego. “É comum que o portador de mau hálito venha para o tratamento de seu hálito desacreditado em qualquer solução para seu problema, pois ele já tentou de tudo , submetendo-se a endoscopias, cirurgias de estômago, cirurgias para extração das amígdalas, de dentes, etc., sem resultados satisfatórios”, conta Conceição.

Segundo ele, em função disso, o lado psicológico assume grande importância no tratamento da halitose. “O paciente irá, através do tratamento, não apenas eliminar o seu mau hálito, mas terá a perspectiva de voltar a ter uma vida normal, pois daremos o suporte necessário para que ele recupere sua segurança e auto-estima muitas vezes abaladas por conviver durante anos com o problema”.
Como a maior parte dos pacientes que sofrem com a halitose curam-se rapidamente, não há porque fugir do problema: procure um dentista ou um médico e volte a soltar a voz, sem medo.

Como prevenir a halitose
Como forma de prevenção, a melhor maneira de evitar a halitose é manter uma higiene bucal adequada com o uso regular do fio dental e, além disso, realizar diariamente a limpeza da língua que deve se tornar parte da rotina de higiene oral.
Além disso, não permanecer longos períodos em jejum ajuda. Enxaguatórios bucais muitas vezes contêm álcool na sua composição, o que desidrata a boca e agrava ainda mais o problema. Por isso, devem ser evitados.

Como avisar um amigo que ele tem mau hálito
Apesar de comum, muita gente não percebe a presença do próprio mau hálito. Isto ocorre por um mecanismo natural de defesa do organismo – fadiga olfatória – onde as células responsáveis pelo olfato rapidamente se adaptam a um determinado odor, deixando de senti-lo se ele for constante.

Porém, avisar alguém desse problema não é nada agradável. Pensando nisso, a ABPO e a Clínica Halitus, dirigida por Maurício Conceição, criaram serviços especialmente para esses casos. Basta acessar os sites www.abpo.com.br ou www.halitus.com.br e preencher um cadastro (sua identidade será mantida em total sigilo). De forma ética e profissional, os responsáveis pelos sites entram em contato por carta ou e-mail, ajudando a pessoa a se ver livre do mau hálito.

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