Nada agradável, a halitose, palavra originária do latim halitu (ar expirado) e osi (alteração), mais conhecida como mau hálito, costuma trazer uma série de problemas a suas vítimas, atrapalhando seus relacionamentos pessoais. O mal, que atinge entre 30 e 40% da população brasileira, fazendo com que de cada dez pessoas quatro tenham o problema, tem mais de cinqüenta causas, sendo que 90% dos casos são de origem bucal.

“Geralmente, as pessoas costumam achar que o mau hálito vem do estômago, mas isso é um mito. O odor até pode vir do intestino e do fígado, mas nunca do estômago”, declara o dentista Maurício Duarte da Conceição, um dos pioneiros no tratamento da halitose no Brasil e responsável pela Clínica Halitus, especializada no tratamento do mal e localizada em Campinas, São Paulo.
De acordo com Maurício, uma das principais causas do problema é a xerostomia, isto é, diminuição da quantidade de saliva na boca, que pode ser ocasionada por medicamentos, estresse, depressão, ansiedade e certos tipos de doença.

“A xerostomia favorece a formação de saburra lingual (placa bacteriana que forma uma camada esbranquiçada na parte posterior da língua), formada por restos alimentares e bactérias, que liberam enxofre em forma de sulforados voláteis que causam o mau odor”, explica. Também é bastante comum a presença de mau hálito em pessoas que passam longos intervalos em jejum e acabam de acordar, devido à redução salivar que ocorre durante o sono.

“Ter halitose após dormir é normal, mas se o problema persistir após o café da manhã e a escovação, o melhor é procurar ajuda de um especialista”, informa o dentista. Bebidas alcoólicas e diversos alimentos, principalmente com excesso de gordura animal e proteína, além de alho, cebola, frituras e alimentos que contenham enxofre também podem ocasionar o problema, especialmente em quem já sofreu ou sofre de problemas de fígado.

Intestino preso ou diarréia, diabetes, disfunções renais e carência de vitamina C também podem ser possíveis causas. Maurício Duarte conta que, em sua clínica, antes de detectar as causas do odor, pede para que os pacientes preencham questionários onde são avaliados nível de estresse e funções do organismo: função renal, hepática, digestiva, pulmonar, endocrinológica.

Também são avaliados problemas em vias aéreas superiores, fluxo salivar, pressão arterial e batimentos cardíacos. Além de presença de ronco e apnéia. Quando o problema tem causas odontológicas, além do tratamento, o paciente passa por consultas com uma higienista, para aprender técnicas corretas de escovação e uso do fio dental. “Dos pa­cientes atendidos, mais de 90% não apresentam mais o problema e 10% precisam passar por uma segunda ou terceira avaliação, pois são casos mais severos”, conta Maurício.

Devido à ação de mecanismos naturais de defesa do organismo, não é normal a pessoa perceber o próprio mau hálito, por isso, pessoas que afirmam ter o problema apesar de nunca terem ouvido queixas de familiares e amigos podem ser vítimas da halitose psicogênica, isto é, quando o paciente tem certeza que tem mau hálito mas não tem. “Geralmente essas pessoas têm mania de limpeza, são perfeccionistas, inseguras e possuem baixa auto-estima.”

Nesses casos, o tratamento é mais complexo pois é preciso provar que a pessoa não sofre do problema, inclusive com a utilização de placebos (falsos medicamentos que as pessoas tomam sem saber que não fazem efeito e se curam por acharem que es­tão sendo tratadas do mal que também não existe). “O efeito é psicológico”, diz Maurício. Serviço diferenciado no site www.halitus.com.br a Clínica Halitus oferece um serviço diferenciado a clientes e não clientes.

Quem tem um amigo que; possui mau hálito e acha constrangedor avisá-lo do problema pode cadastrá-lo entre os possíveis pacientes da clínica. Basta enviar o nome, endereço e e-mail da pessoa que a clínica entrará em contato com a vítima do problema sem que o denunciante seja identificado, evitando possíveis constrangi­mentos. O serviço é gratuito e, segundo Maurício Duarte “deve ser usado com seriedade e responsabilidade”. (Cíntia Vegas, especial para O Estado).

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