Segundo os especialistas, pessoas estressadas têm grandes chances de desenvolver a halitose, problema que atinge até 40% da população. O nervosismo deixa a boca seca e facilita a formação do odor desagradável.

0s estressados têm agora mais um motivo para se preocupar. Além de ser responsável por uma série de problemas como hipertensão, gastrite, dor de cabeça, tensões musculares e até mesmo ataques cardíacos, o estresse está entre as principais causas do mau hálito. Segundo os especialistas, nervosismo e ansiedade constantes reduzem a produção de saliva, favorecendo a formação da chamada saburra lingual — material que libera um odor bastante desagradável.

“A pouca quantidade de saliva na boca, causada principalmente pelo estresse e pelo uso frequente de medicamentos, promove o acúmulo de placa bacteriana na língua, deixando-a amarelada ou esbranquiçada”, explica Olinda Tarzia, professora da Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo a especialista, a halitose é um problema que atinge de 30% a 40% da população brasileira— índice que se assemelha a de outros países como Estados Unidos. “O mau hálito é um sintoma e pode aparecer em decorrência de algum desequilíbrio do corpo”, diz Olinda, que participou na semana passada do 21° Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo. “Há mais de 60 causas relacionadas à halitose”, completa a dentista.

Além do estresse, compõem a lista a periodontite, a prisão de ventre, o diabetes, o jejum, a rinite, a gripe, entre outros fatores. “A causa da halitose, em mais de 90% dos casos, está na cavidade bucal e não no estômago como a maioria das pessoas acredita”, comenta Eduardo Pedrazza Dutra , vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca (Abpo).
“Doenças periodontais, saburra lingual (provocada por estresse, falta de higiene adequada e diabetes), descamação do epitélio bucal, cáries e sangramentos são as principais causas do mau hálito”, acrescenta o especialista, que também atua na Clínica Halitus.

Os fatores de origem não bucal estão, na maioria das vezes, relacionados a problemas das vias aéreas superiores, como sinusite, amigdalite e adenóide. Dificilmente as alterações gástricas causam a halitose. “Somente as pessoas que sofrem de prisão de ventre ou diarréia desenvolvem esse sintoma”, diz Olinda. “Quando o intestino está preso, por exemplo, o material do bolo fecal é em parte absorvido pelo organismo. Nesse processo, alguns gases escapam e são expelidos pela boca”, conta.

Atendimento
De acordo com Olinda, a halitose geralmente tem causas múltiplas. Daí a necessidade de um atendimento adequado. “O mau hálito deve ser tratado pelo dentista, a não ser que a causa esteja ligada a outra parte do corpo”, diz. “O problema é que a maioria dos dentistas não está preparada para esse tipo de problema”, avalia Olinda, que participou da criação do primeiro curso de pós-graduação composto pela disciplina de halitose, dentro da Faculdade de Odontologia de Bauru, da USP.

Um levantamento feito na Clínica Halitus demonstrou que até chegar no especialista correto, grande parte dos pacientes já passou por um gas-troenterologista ou por outros dentistas. “Cerca de 65% das pessoas com mau hálito procuraram um gastro e 37% já se consultaram com pelo menos um dentista antes de resolver o problema”, conta Dutra.

Halitose normal
É importante diferenciar o mau hálito crônico do fisiológico. “De manhã, por exemplo, é normal amanhecer com halitose. Isso acontece naturalmente porque durante o sono a quantidade de saliva diminui e a boca resseca”, explica Olinda. Ficar sem comer durante horas por causa de uma dieta também provoca mau hálito. “Nesses casos não há necessidade de preocupação, pois faz parte do organismo”, conclui.

Paciente não percebe o problema
A maioria dos pacientes com halitose não percebe que estão com o problema porque o organismo se acostuma com o odor. Como as pessoas ao seu redor tendem a se distanciar, ele passa a ser discriminado no trabalho e nas relações afetivas. “Ao saber do problema, o paciente perde a auto-estima e se torna inseguro e retraído”, conta a especialista Olinda Tarzia. “Por isso, é tão importante diagnosticar a halitose o mais rápido possível”, acrescenta a dentista.

As pessoas desconfiadas de estarem com halitose devem perguntar a alguém de confiança se está sentindo mesmo o odor desagradável. Outra opção é avaliar o hálito a partir do recém-lançado monitor Breath Alert, que aponta a qualidade do hálito, ou conversar com o seu dentista. “Podemos fazer alguns exames, como a sialometria, que analisa a coloração, a viscosidade e a quantidade de saliva”, completa o dentista Eduardo Dutra.

Segundo o especialista, o tratamento do problema se inicia a partir da descoberta da causa. “Podemos amenizar o mau hálito a curto prazo, mas o tratamento é um pouco demorado, podendo levar até dois meses”, diz Dutra. As pessoas com predisposição ao problema devem utilizar limpadores específicos de língua.

Serviço
Você pode encontrar um especialista em halitose na Associação Brasileira de Estudos e Pesquisa Odores da Boca (ABPO) pelo site www.abpo.com.br ou pelo telefone (19) 3294-2194. A Instituição mantém ainda um serviço chamado Clique Mau Hálito, que envia mensagens eletrônicas para portadores do problema, caso a pessoa se sinta constrangida em avisar o amigo ou o parente. O mesmo serviço também é oferecido pelo site www.halitus.com.br . Informações sobre mau hálito podem ser obtidas nos sites www.halito.com.br e www.halitopuro.com.br.

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