A Associação Brasileira de Estudos Pesquisas dos Odores da Boca (ABPO), realizou ontem o Dia Nacional de Combate a Halitose, mais conhecida como mau hálito. O objetivo da entidade é instituir uma data símbolo para lembrar o problema e lançar uma campanha de esclarecimento sobre como identificar a halitose, suas causas e fatores desencadeantes, além das formas de evita-la.
A ABPO pretende divulgar o combate a Halitose divulgando materiais informativos e com a publicação de artigos de pesquisadores do assunto em todo o Brasil. Além disso a entidade está divulgando o site “clic mau hálito”, inserido em sua home page (www.abpo.com.br).
“ABPO faz isso por você”. Segundo o dentista Maurício Duarte da Conceição, proprietário da clínica Halitus e um dos pioneiros no tratamento da halitose no Brasil, com mais de 5 anos de experiência na área, através desta campanha a pessoa pode informar os dados de um conhecido que sofre de mau hálito à ABPO, que a entidade faz contato com ela.
“Fazemos isso de maneira ética, sem ofender e magoar a pessoa que sofre de mau hálito”, diz. Segundo o dentista a halitose, atinge entre 30 a 40 % da população brasileira, ou seja, quatro em cada dez pessoas sofrem desse mal, que não é uma doença, mas sim um sintoma de que algo não está bem com o organismo ou com a pessoa. Existem mais de 50 causas para a halitose. Aproximadamente 90% dos casos têm origem bucal, sendo que, se for detectado algum problema de competência médica, o paciente é encaminhado ao especialista correspondente. “Existe muitos mitos com relação a halitose.
Muitas pessoas pensam que a causa do mau hálito é estomacal e nem sempre é assim”, ressalta Maurício. “Geralmente quando as pessoas chegam a nossa clínica já passaram por vários profissionais e não resolveram o problema”, observa. De acordo com Maurício Duarte, uma das principais causas da halitose é a xerostomia (diminuição da quantidade de saliva), ocasionada por inúmeros fatores como remédios que a pessoa possa estar tomando que podem diminuir a salivação, estresse ou certas doenças.
Essa diminuição da quantidade de saliva favorece formação de uma placa bacteriana (camada esbranquiçada) na parte posterior da língua, chamada saburra lingual. Ela é formada por restos alimentares, células que não descamam da mucosa bucal e bactérias que se alimentam das proteínas presentes nestas células. Nesse caso ocorre a liberação do enxofre, em forma de compostos sulfurados voláteis (CSV), que causam um hálito muito forte.
Hoje já existe um aparelho de alta tecnologia chamado halímetro que mede, em partículas por bilhão, a quantidade desses compostos presentes na boca. Com esse aparelho é possível o medir a gravidade do problema, acompanhar a evolução do tratamento e também diagnosticar pacientes com Halitose psicogênica, ou seja, pacientes que têm certeza que tem mau hálito mas não o tem.Outra causa comum são os longos intervalos em jejum, que provocam a hipoglicemia. É norma ter halitose ao acordar, que se dá pelo jejum da noite associado à redução do fluxo salivar que acontece normalmente durante o sono.
Após ingerir o café da manhã e escovar os dentes, esse hálito deve desaparecer. Se isso não ocorrer, existe algo em desequilíbrio no organismo que deve ser investigado e tratado. Segundo o dentista Maurício Duarte, o paciente deve ser visto muito além do que uma boca : “precisamos olhar o paciente como um todo, pois a ansiedade, o estresse e a depressão, tão comuns nos dias de hoje, podem acabar causando o mau hálito por gerar, por exemplo, a hipoglicemia e a diminuição do fluxo salivar”, explica.
O tratamento varia de acordo com a causa indo, por exemplo, desde a correta higienização da língua, combater as causas do estresse, da xerostomia, até a orientação dietética. Geralmente quem sofre desse problema não sente. Isto ocorre por um mecanismo natural de defesa do organismo em que as células responsáveis pelo olfato rapidamente se adaptam a um determinado odor, e a pessoa deixa de senti-lo se ele for constante. Dr. Maurício Duarte da Conceição: 40% dos brasileiros sofrem de mau hálito.