22 de Setembro é o Dia Nacional de Combate ao Mau Hálito, um problema que atinge 40% dos brasileiros. Mas você pode ajudar a erradicá-lo o ano todo, avisando quem sofre do mal através do “Clique-Mau Hálito”

Por Sandra Soares

Especialistas no combate ao mau hálito não podem esperar dos clientes que façam propaganda boca a boca dos serviços que lhes são prestados. Talvez por isso tenham inaugurado na Internet um recurso que serve como publicidade mas que é principalmente de utilidade pública: o Clique-Mau Hálito. Acessando o site www.abpo.com.br, da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca, qualquer um pode denunciar alguém que tenha mau hálito. O denunciado será informando do problema por meio de um educado e discreto email e o denunciante não será identificado.

“Recebemos cerca de 100 mensagens por semana”, conta o dentista Mauricio Duarte da Conceição, presidente da ABPO. “E se mais pessoas souberem desse serviço receberemos muito mais, pois 40% dos brasileiros sofrem de mau hálito.” Como quem passa pelo problema é sempre o último a saber – o Dr. Mauricio explica que o olfato se “acostuma” com o cheiro e por isso o “portador” não o percebe – é difícil que as pessoas procurem tratamento por iniciativa própria.

Para quem desconfia que seu hálito mereça ser chamado de bafo, o dentista recomenda três testes simples. O mais fácil, mas nem tão garantido, é perguntar ao melhor amigo, à esposa ou ao irmão – enfim, a alguém íntimo -, se o ar que sai de sua boca é respirável. Mostrar a língua para o espelho e ver se lá no fundo ela é coberta por uma espécie de nata branca é outra saída. Encontrou a prova física do problema? Então saiba que ela se chama saburra lingual e pode ser causada por diminuição do fluxo salivar, por deficiência vitamínica ou por doenças nas gengivas, entre outros motivos. Mas o teste mais infalível é mesmo conversar com uma criança aproximando a boca de suas pequenas narinas. “Elas não mentem jamais”, diz Mauricio. “E ainda gritam: que cheiro ruim!”

Outra possibilidade é submeter-se a um aparelho que é o verdadeiro bafômetro. O halimetro ou gascromatógrafo é um dispositivo usado em consultório e que tem uma versão portátil, do tamanho de um isqueiro, que funciona a pilha e mede a intensidade do odor que sai da boca. Ele é de tecnologia japonesa e importado no Brasil pela empresa Kolbe, conhecida por ter inventado e patenteado o limpador de língua. Vem sendo testado pelos médicos.

Segundo o periodontista Eduardo Pedrazza Dutra, há quatro “níveis” de hálito: “O primeiro é o que não apresenta mau cheiro; o segundo, o que interfere pouco no convívio social, tornando possível a proximidade do outro em até 60 cm de distância; o terceiro é o que faz qualquer pessoa desviar o rosto por reflexo e o quarto o que impregna o ambiente, o que é sentido mesmo de longe”.

Pessoas que sofrem de prisão de ventre crônica podem ter mau hálito. Quando não eliminado “por baixo”, os gases intestinais podem ser reabsorvidos no intestino, caindo na corrente sanguínea e sendo eliminados pelo pulmão, saindo pela boca. Além dessa, os especialistas já catalogaram outras 63 causas para a halitose. “90% dos casos acontecem por problemas localizados dentro da boca”, diz Eduardo Dutra. “7% são relacionados às vias aéreas superiores e 3% a doenças sistêmicas, como o diabetes.” O tratamento, claro, varia de acordo com a causa e vai de mudanças nos hábitos alimentares e de higiene até o uso de medicamentos.

Quem receber o email da ABPO não precisa se desesperar. Sim, o mau hálito tem cura. “E não dá para descartar a possibilidade de que a informação seja falsa, enviada por alguém que quer fazer uma brincadeira”, diz o Dr. Mauricio. Como cada um conhece os amigos e os inimigos que tem, fica fácil saber se a mensagem é uma farsa ou não. Difícil mesmo é conhecer o próprio hálito.

VOLTAR