Estimativa da ABPO mostra que problema é comum, mas tem tratamento eficaz
Pode até não parecer, mas o mau hálito é mais comum do que se imagina nas pessoas. De acordo com estimativas da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca (ABPO), o problema afeta nada menos que 40% da população brasileira. Se for levado em consideração o hálito das pessoas ao acordar, esse percentual sobe para 100%.

A halitose não chega a ser uma doença, mas é tratada pelos médicos como um sintoma de uma patologia associada. “Em mais de 90% dos casos, ela está relacionada a questões de origem bucal, como a higienização inadequada dos dentes e da língua”, informa o presidente da ABPO, Maurício Duarte da Conceição. Apesar de homens e mulheres serem igualmente afetados pelo problema, alguns estudos sugerem que elas procuram tratamento com maior freqüência, segundo o professor-adjunto da UFPE, PhD em Medicina Oral, Jair Carneiro Leão. A razão, pode ser o cuidado maior com a saúde e a vaidade.

Além da higiene oral deficiente, a halitose é conseqüência de próteses mal adaptadas, restaurações defeituosas, perturbações do sistema gastrointestinal, diabetes e até estresse. “A sinusite e o refluxo gastroesofásico também podem dar origem ao mau hálito”, diz o otorrinolaringologista do Hospital das Clínicas da UFPE, Fábio Coelho. Nesses casos, é preciso tratar a causa de base para eliminar o problema. O tratamento é clínico. Doenças das glândulas salivares e a amigdalite caseosa – que ocorre devido à secreção da própria glândula e à fermentação de restos alimentares na língua -também podem causar halitose.

ISOLAMENTO – Para quem tem mau hálito, porém, a conseqüência mais incômoda é o isolamento social e a insegurança na hora de se interrelacionar com os outros. Outra dificuldade é o fato de que o portador de halitose dificilmente percebe que tem o problema e, geralmente, é alertado por outras pessoas de seu convívio mais íntimo. “Inicialmente quem me avisou sobre a questão foi minha mulher, mas depois comecei a prestar atenção e a perceber que as outras pessoas se afastavam quando precisavam conversar comigo”, lembra I.D., 46 anos.

I.D. procurou um odontólogo e foi curado do problema, que o atormentava há mais de três anos. “Aprendi a escovar os dentes da maneira correta, bem como a usar o fio dental da forma adequada. Além disso, incorporei o hábito de utilizar o limpador de língua durante a minha higienização bucal”, lembra. Quando se livrou da halitose, I.D. voltou a praticar o judô, esporte que tinha abandonado por causa do problema.

Para ajudar as pessoas que convivem com os portadores de halitose a comunicarem o problema ao amigo, sem maiores constrangimentos, a ABPO criou, em seu site, um serviço específico que avisa ao portador de mau hálito que ele tem o problema. Basta colocar o nome, endereço e e-mail da pessoa via Internet, que a ABPO manda uma correspodência contendo até as recomendações sobre como tratar o odor bucal.

Fazer o diagnóstico adequado e seguro do problema é o primeiro passo para o tratamento eficaz. A periodontista, Rosemeire Ribeiro Lopes, do Centro do Hálito de Pernambuco utiliza equipamentos especiais para detectar a halitose nos pacientes. Um deles é o halímeter, que mede a quantidade de compostos sulfurados voláteis expelidos através do hálito. “Até 150 p.p.b. (partes por bilhão), o hálito é considerado normal. Entre 150 p.p.b. e 250, é halitose leve. De 250 a 350 é considerada moderada e de 350 a 2000 p.p.b. é severa”, explica a periodontista. Para fazer o exame, o paciente não pode ter fumado, bebido, usado creme dental e nem enxaguador bucal.

Antes de utilizar o aparelho, porém, a especialista preenche um protocolo de atendimento, mediante uma anamnese realizada com o paciente. “Faço perguntas sobre o tipo da alimentação da pessoa, quantidade diária de água que ela toma, o nível de estresse e possíveis doenças, entre outras”, lembra Rosemeire. Outro exame feito pela especialista é de sialometria, para medir a quantidade e a qualidade de saliva do paciente. “A saliva reduz a formação da saburra (massa branca que se cria na língua), que é a principal responsável pelo odor bucal”, explica.

Serviço
Ambulatório de estomatologia
da UFPE: 3271-8839
Centro do Hálito de Pernambuco: 3465-9846

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