Acordar com um odor desagradável na boca é perfeitamente natural. Mas se esse cheiro insiste em permanecer durante o dia, é bom ficar atento. A halitose, popularmente conhecida como mau hálito, atinge cerca de 40% dos brasileiros e, além de sinalizar um desequilíbrio no organismo, pode prejudicar a qualidade de vida de quem sofre do problema.

Uma pesquisa da ABPO (Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca) realizada com portadores de halitose revela que o mau hálito costuma provocar mudanças no comportamento do indivíduo, o que termina por comprometer seus relacionamentos, sua segurança e auto-estima. “O portador de halitose pode ter sua vida social profundamente afetada, isolando-se do meio em que convive”, ressalta o ex-presidente da Associação, Dr. Mauricio Duarte da Conceição.

Na maioria das vezes, porém, esse distanciamento não parte do portador da halitose, já que, geralmente, ele é o último a se dar conta do mau cheiro. Ainda que pareça incrível, nosso olfato consegue sentir apenas um cheiro por vez. “É um processo chamado fadiga olfatória. As células do nosso olfato rapidamente se acostumam a um determinado odor. Um exemplo fácil para compreender isto é quando usamos um perfume, pois em poucos minutos nos acostumamos a seu aroma, deixando de percebê-lo”, explica.

Por isso, avisar uma pessoa querida que ela tem mau hálito é prestar um grande favor. Noventa e nove por cento dos participantes da pesquisa mencionada acima afirmaram que quem tem halitose deve, sim, ser alertado. Para que você não se sinta constrangido com a situação, uma clínica especializada em hálito desenvolveu um serviço original: envia gratuitamente um gentil e-mail à pessoa que você indicar, avisando-a do problema, orientando sobre possíveis causas e sugerindo tratamento.

Saiba um pouco mais sobre a halitose:
De onde vem o problema
• 90 a 96 % dos casos de halitose têm origem na boca:
– saburra lingual (placa amarelada ou esbranquiçada localizada no fundo da língua)
– cáseos amigdalianos (pequena bolinha, similar a uma bolinha de queijo que se forma no interior das amígdalas e tem um cheiro muito desagradável)
– gengivite e periodontite (baixa produção de saliva)
• 3 a 8 % têm origem nas vias aéreas superiores (principalmente os cáseos amigdalianos, afecções da garganta e sinusite).
• Somente 1 % é de origem sistêmica (diabetes, jejum prolongado, ingestão de alimentos odoríferos – que alteram o hálito -, disfunção renal, hepática ou pulmonar etc).

Falsos vilões
• Definitivamente, o mau hálito não é proveniente do estômago. “Esse é um dos maiores mitos na área de saúde. Eu tenho, pessoalmente, quase cinco mil tratamentos realizados e nunca tratei um único paciente que tivesse halitose proveniente do estômago”, argumenta o Dr. Mauricio.
• As gomas de mascar não agravam o problema. “Elas podem até trazer algum benefício por aumentar a produção de saliva, sendo a falta de saliva um fator importante para o aparecimento da halitose. Deve-se optar por gomas de mascar sem açúcar”, orienta.

A prevenção é o melhor caminho!
• É essencial fazer uma boa higiene bucal, incluindo escovação, uso do fio dental e limpeza da língua regularmente;
• Evite o uso de enxaguatório com álcool;
• Evite jejum prolongado. Procure se alimentar no máximo a cada quatro horas;
• Ao primeiro sinal de sangramento gengival, procure um dentista;
• Coma com moderação alimentos com alto teor de proteína e gordura animal (embutidos, queijos gordos, carnes gordurosas), frituras, alho e cebolas cru ou em excesso e grandes quantias de alimentos com alto teor de enxofre (brócolis, alcachofra, couve-flor, ovo, etc.);
• Ingira pelo menos dois litros de líquido por dia.

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