Mais de 50 milhões de brasileiros sofrem de mau hálito, um sintoma de problemas bucais que pode ser facilmente prevenido ou tratado.

Tudo começa quando a pessoa se sente excluída ou percebe que os outros se afastam tão logo ela ouse abrir a boca. A dificuldade de relacionamento social é apenas um dos problemas enfrentados pelos portadores de halitose – popularmente conhecida como mau hálito, um problema que aflige mais de 50 milhões de brasileiros que, por falta de informação ou preconceito, não buscam tratamento adequado. “Todo mundo acorda com mau hálito. Este sintoma é fisiológico. Apenas aqueles que apresentam halitose após a higiene bucal ou a ingestão de alimentos é que devem se preocupar e procurar orientação médica” – tranqüiliza a dentista Rosiene Lima Fagundes, especialista em Estomatologia e membro da ABPO (Associação Brasileira de Pesquisa e Estudo dos Odores da Boca).

O mau hálito pode ser causado por dezenas de motivos. Entre os mais importantes destacam-se problemas bucais, como a baixa produção de saliva, doenças da gengiva e falta de higiene oral. Para quem estranhou a ausência de fatores estomacais nessa lista, dra. Rosiene Fagundes explica que relacionar a halitose a problemas no estômago é um mito. “Há uma ‘válvula’ entre o estômago e o esôfago que se fecha quando o alimento passa. Qualquer odor que tenha origem no estômago só vai ser sentido em caso de eliminação de gases ou refluxo gástrico. Mesmo assim, o mau hálito, nesses casos, é temporário e absolutamente normal” – explica a dentista.

A baixa produção de saliva – ou a xerostomia, como é chamada cientificamente é uma das principais causas da halitose. Isso ocorre porque a saliva possui papel de extrema importância na higiene bucal. “Ela lubrifica a boca e remove restos alimentares. Se a pessoa tem uma boa salivação, dificilmente terá mau hálito” – garante.
Mas por que uma pessoa pode apresentar baixa produção de saliva? Como boa parte das doenças contemporâneas, o estresse é um dos principais vilões. Para dra. Rosiene, ele interfere diretamente na saúde bucal, pois os estressados têm menos tempo para se dedicar à sua qualidade de vida, distanciando-se de hábitos saudáveis e descuidando do consumo de alimentos que beneficiam a saúde como um todo. Além disso, o estresse contribui diretamente para o desequilíbrio orgânico. “O mau hálito é sinal de que algo no organismo está em desequilíbrio, e isso deve ser detectado, diagnosticado e tratado” – adverte dra. Rosiene.

A saburra lingual – uma placa bacteriana branca ou amarelada que se forma na parte superior da língua -também é uma causa importante do mau hálito. Esta placa normalmente é produzida quando a higiene oral não é satisfatória e pode desencadear doenças bucais, que, se não forem controladas, podem levar a infecções mais graves.

Ajuda anônima – Esclarecer a população sobre as causas da halitose e seus possíveis tratamentos é o principal objetivo da ABPO, que inclui entre suas atividades a função de entrar em contato com pacientes que apresentem mau hálito. Este trabalho envolve muito critério e dedicação por parte dos profissionais, pois eles sabem que fatores psicológicos e emocionais são traumatizantes para os pacientes, além de representarem um empecilho significativo na busca por tratamentos.

O serviço da ABPO, denominado Clique mau hálito, recebe “denúncias ” de usuários que não têm intimidade e coragem para avisar um amigo ou familiar da existência do mau hálito. “O serviço ajuda muito as pessoas que não sabem como avisar um portador, pois elas nos avisam sobre o portador do problema, ficando no anonimato. Enquanto isso, o paciente recebe a orientação necessária, com muita ética e discernimento, para procurar um tratamento específico para seu caso” – garante dra. Rosiene.
Depois que esse primeiro passo é dado e o paciente procura orientação médica, o dentista realiza exames clínicos e aplica questionários para avaliar o grau da halitose e investigar suas possíveis causas. “Hoje existem exames mais específicos que avaliam a quantidade e a qualidade da saliva.

Um outro exame, a haliometria, verifica a intensidade do mau hálito e a qualidade do ar que a pessoa expira ” – explica a especialista, lembrando que entre as formas de prevenção ao problema estão uma higiene bucal bem feita, visitas periódicas ao dentista e ingestão de alimentos saudáveis.

Formas de prevenção
Veja algumas dicas que podem evitar o aparecimento do mau hálito:

*Beba de 2 a 3 litros de líquidos por dia, pois isso aumenta a salivação e hidrata o organismo e a boca, prevenindo a produção de placa bacteriana.
*Visite regularmente o dentista para tratar de sua saúde bucal.
*Não tique longos períodos em jejum. Faça intervalos entre as refeições de, no máximo, três ou quatro horas.
*Não utilize enxaguantes bucais com álcool, que ressecam a boca e induzem a formação de placa bacteriana.
*Coma alimentos mais duros e fibrosos, como frutas, pois fazem com que a glândula salivar produza mais saliva.
*Controle seu nível de estresse.

Como garantir uma boa higiene bucal?

· Escove bem os dentes, no mínimo três vezes por dia, e use fio dental diariamente.
· Use produtos de higiene oral que contenham flúor.
· Apenas faça uso de enxaguantes bucais com prescrição médica.
· Visite seu dentista, pelo menos duas vezes ao ano.
· Higienize a língua diariamente com limpadores linguais.

Anote
Clique mau hálito: www.abpo.com.br

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