Vai parecer que você veio ao mundo com ar-condicionado embutido. Aprenda receitas para se livrar dos oito perrengues capitais: bafo, chulé, caspa, queda de cabelo, gases, ronco, suor excessivo e cecê.
CABELOS EM QUEDA LIVRE
Quando uma pessoa perde mais de 100 fios por dia (o normal é entre 50 e 70), alguma coisa não vai bem. Mas, como saber? Chumaços no ralo do banheiro são evidências do problema. Cerca de dois milhões de brasileiras sofrem de calvície, cujas principais causas são anemia, menopausa, ovários policísticos, distúrbio da tireóide, uso de antidepressivos, entupimento dos poros e, claro, tendência genética. Situações de estresse agudo (assalto, demissão, término de relacionamento, etc.) também podem provocar o problema ao fazer aumentar a taxa de testosterona. Para testar se a sua queda de cabelo é preocupante, segure firme uma madeixa, a partir
da raiz, e puxe-a para baixo com força três vezes. Se na última continuarem caindo muitos fios, é hora de procurar um especialista. Os tratamentos são diversos: de xampus manipulados a injeções no couro cabeludo. Para combater a perda excessiva, lave o cabelo dia sim, dia não, evite o uso de químicas e de secador.
BRANCA DE NEVE NÃO!
Ombros polvilhados e sobrancelha com floquinhos brancos. Não, não é neve, é caspa, A dermatite seborréica, doença de pele crônica que provoca a caspa, atinge cerca de 40% dos brasileiros. Ela consiste na produção excessiva de gordura pelas glândulas sebáceas. E esse processo pode acontecer por uma série de motivos: predisposição genética, alterações emocionais como depressão, ansiedade ou estresse, distúrbios hormonais ou até por causa de um fungo, o Pityrosporum ovale, que vive naturalmente no couro cabeludo mas pode se proliferar e produzir a caspa. Quem tem predisposição a ela precisa evitar cobrir a cabeça, dormir com o cabelo molhado e agredir o couro cabeludo com água muito quente ou esfregação excessiva. Para combater a oleosidade, é importante lavar os cabelos diariamente. Outra dica é usar xampus anticaspa para controlar a descamação também provocada pelo excesso de oleosidade.
NOITES DO BARULHO
Ninguém precisa aturar dormir ao lado de alguém que ronca. Mas, infelizmente, esse é um problema que atinge quatro em cada dez brasileiros. Quando há um estreitamento da faringe, a passagem do ar fica prejudicada e produz uma vibração no fundo do céu da boca e na úvula (a campainha) causando barulho. Esse quadro pode ser deflagrado por rinite, sinusite, desvio de septo e adenóide, mas também por condições passageiras, como aumento de peso, consumo de álcool ou de tranquilizantes (tudo isso colabora para relaxar a musculatura da garganta). Segundo os médicos, metade das pessoas que roncam sofre de apnéia, uma doença que provoca paradas respiratórias durante o sono. Para descobrir qual a causa da sinfonia noturna, o melhor é consultar um especialista. Algumas medidas caseiras podem ajudar a diminuir o barulho, como dormir de lado. Emagrecer, evitar a ingestão de álcool e cigarros e usar descongestionantes nasais também está valendo.
ABAFA O BAFO
Três em cada dez pessoas têm bafo. O problema pode ser provocado por mais de cinquenta fatores, mas em quase 95% dos casos a origem dele está na boca. A principal vilã é a saburra lingual, uma placa bacteriana branca, formada por restos de alimentos e de células descamadas, que fica na língua. A decomposição desses resíduos libera cheiro ruim e quando há uma diminuição de saliva na boca ele pode se tornar persistente. Fumar, respirar pela boca, consumir álcool e remédios como antidepressivos e moderadores de apetite fazem a saliva diminuir. Por outro lado, tomar dois litros de água por dia e mascar chiclete sem açúcar ajuda a manter a boca hidratada. Outra medida antibafo é limpar a língua com equipamentos próprios para isso. Entre 1% e 2% dos casos são consequência de doenças mais sérias, como alterações renais ou hepáticas. O melhor método para detectar se esse é o seu caso é perguntar a alguém de confiança. Bem de pertinho.
ÂHN? EU NÃO FUI!
Querendo ou não todo mundo solta pum. Esse é um comportamento normal do organismo, afinal o ar que entra precisa sair. Mas hábitos inadequados fazem com que algumas pessoas acumulem mais gases. O fenônemo, chamado de flatulência, pode causar desconforto e distensão abdominal – e, nos casos mais graves, cólicas. Respirar pela boca, comer rápido, falar muito durante as refeições ou mascar chiclete aumenta a entrada de ar. Alguns alimentos, por fermentar no intestino, contribuem para o acúmulo de gases – repolho, couve-flor, batata-doce, feijão, grão-de-bico e lentilha. Outros, à base de proteínas (ovos, carnes, leite), provocam ar malcheiroso. Bebidas gasosas (refrigerante, cerveja e champanhe) também devem ser evitadas por quem tem muito gás. Muitas vezes a simples mudança de hábitos melhora o quadro – ingerir muita água e praticar exercícios, por exemplo, facilitam o trânsito intestinal. Se nada disso funcionar, vale apelar para os compostos à base de dimeticona, que quebram as bolhas gasosas e facilitam sua eliminação.
DE BRAÇOS BEM ABERTOS
Popularmente conhecido como cecê, o mau cheiro nas axilas é provocado por bactérias que se alimentam do suor. As glândulas que ficam nas axilas soltam secreções que são nutrientes desses microrganismos. Quanto mais úmido e quente for o local, mais eles se proliferam, o que aumenta o fedor. As medidas para combater o problema são simples: lavar bem as axilas pelo menos uma vez por dia, de preferência com sabonete antisséptico, usar desodorante de longa duração e roupas feitas com tecidos que deixem a região ventilada, como os de algodão (os sintéticos abafam o local). Uma compressa de bicarbonato de sódio – uma parte para três de água – neutraliza o PH local e elimina os microrganismos. Esfregar bem as roupas na área das axilas na hora de lavá-las é outro cuidado básico. Em casos extremos, os dermatologistas podem receitar sprays ou cremes contendo antibióticos que dificultam a proliferação desses seres.
A VIDA PARECE UMA SAUNA?
Suar é necessário. Transpirando o organismo mantém sua temperatura sempre entre 36 C° e 37 C°. Já eliminar muito líquido sem que haja estímulos externos (exercícios físicos, por exemplo) é sinal de problema. E o nome dele é hiper-hidrose. Sabe aquelas pessoas que vivem com as mãos sempre molhadas? Pois é, elas sofrem desse distúrbio, que pode ter causas variadas: obesidade, disfunções da glândula tireóide, desequilíbrios emocionais como ansiedade… A doença pode ser controlada. A solução depende do tamanho do problema: vai desde o uso de sabonetes antissépticos a uma cirurgia que corta a ligação entre as glândulas sudoríparas descontroladas (da face, crânio, mãos, pés e axilas) e o sistema nervoso. Outro tratamento consiste em aplicar leves ch ues nas regiões de intenso fluxo de suor. A novidade mais recente vem da Alemanha: cientistas aplicam botox para suavizar a transpiração excessiva.
PERFUME DE PÉ
As bactérias que vivem nos nossos pés multiplicam-se em ambientes úmidos, quentes e escuros. Ou seja: o tênis é um paraíso para elas. Com a proliferação desses microrganismos, aumenta a quantidade dos compostos químicos eliminados por eles (isovalérico e metanotio) que, combinados, produzem o velho e nada bom chulé. Para evitá-lo, nunca deixe de usar meias limpas e de algodão, que permitem a passagem do ar. Dar um descanso para o sapato, em vez de usá-lo todos os dias, é uma boa dica para acabar com o cheiro de queijo podre no ar. Também ajuda usar sabonete antibacteriano ou mergulhar os pés numa bacia de chá preto e, depois, passar talco. Outro inconveniente da transpiração nos pés é que ela pode dar frieiras. Para evitá-las, enxugue bem entre os dedos para eliminar os fungos que se instalam ali e se alimentam da queratina das unhas. Manter a cutícula, principalmente antes de ir à praia, ajuda a proteger a pele contra as bactérias.
Fontes: Marcelo Arnone, dermatologista da USP; Fabiana Pietro, dermatologista e professora da Sociedade Brasileira de Medicina Estética; Maurício Mendonça, dermatologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Luciano Barsanti, geneticista e diretor do instituto do cabelo, em São Paulo; Ediléia Bagatin, dermatologista da Unifesp; Maria Valéria de Paola, farmacêutica bioquímica da USP; Luciana Lobato, chefe do setor de motilidade digestiva da Unifesp; Luciana Palombini, médica especialista em medicina do sono; Maurício Duarte da Conceição, dentista especialista em halitose.