A boca seca é também conhecida por xerostomia (xeros = seco, stoma= boca), assialia (a = sem; sialia = saliva), hiposalivação ou hipossialia.
A queixa de “boca seca” é uma queixa comum em nossa clínica, principalmente pelo grande desconforto que a secura bucal provoca. Os pacientes relatam dificuldade de falar, de engolir e até mesmo de sentir o gosto dos alimentos. Em casos mais raros e severos, relatam sentir ardência bucal e gosto amargo constantes. Ou seja, esta situação afeta profundamente a qualidade de vida das pessoas.
No entanto, nem sempre a sensação de boca seca significa uma real diminuição na produção de saliva. Esta afirmação pode parecer estranha, mas ao recebermos um paciente com esta queixa precisamos realizar uma consulta detalhada e testes específicos para avaliar sua salivação (qualitativamente e quantitativamente) para assim podermos verificar o que está ocorrendo e desta forma conduzir o tratamento da melhor forma possível.
Chamamos de xerostomia a sensação de boca seca sem uma real diminuição na produção salivar, e de hiposalivação (ou hipossialia), a queda real na produção de saliva.
A hiposalivação é caracterizada por uma diminuição na produção salivar, decorrente de inúmeros fatores como o estresse excessivo e prolongado, doenças como Diabetes Mellitus ou a Síndrome de Sjögren, doenças das glândulas salivares, como consequência da radioterapia de cabeça e pescoço e decorrente da ingestão contínua de
medicações específicas, que diminuem a produção de saliva como efeito colateral, chamadas de medicamentos xerogênicos.
Os motivos mais comuns que levam à xerostomia são fatores que ressecam a mucosa bucal e desidratam a boca, como por exemplo, a respiração bucal e o ronco, falar excessivamente por motivos profissionais e a desidratação corporal excessiva. Entretanto, existem outras causas mais raras, que também devem ser investigadas, se for o caso.
É muito importante salientar que para avaliar e tratar as alterações nos padrões salivares, é fundamental consultar um profissional capacitado.
Hiposalivação x Mau hálito
A queda na produção de saliva é uma causa indireta frequente do mau hálito, por diminuir o oxigênio disponível na cavidade bucal, facilitando a proliferação das bactérias que provocam a halitose, por diminuir a autolimpeza bucal que uma salivação adequada proporciona, por facilitar o surgimento de doenças gengivais e principalmente pelo aumento na descamação de microscópicos pedacinhos de pele (células) dos lábios e bochechas, sendo que estas pelezinhas servirão de alimento às bactérias mencionadas acima, favorecendo a formação da saburra língual e dos cáseos amigdalianos, que são duas das causas mais comuns e frequentes da halitose.
Tratamento:
O tratamento da diminuição na produção salivar por vezes é um desafio. De acordo com nossas estatísticas, em aproximadamente 80% dos casos tratados temos um resultado satisfatório.
Porém, 20% dos casos são desafiadores, com resultados insatisfatórios, o que requer que testemos diferentes métodos de tratamento, para verificar qual é aquele que poderá proporcionar melhores resultados.
Exemplos de casos de difícil resolução são pacientes que fazem uso de medicações de uso contínuo que reduzem a produção de saliva como efeito colateral, casos de radioterapia de cabeça e pescoço, com danos irreversíveis às glândulas salivares ou ainda casos de estresse excessivo, ansiedade, depressão e outras alterações emocionais, especialmente se associadas ao uso de medicamentos xerogênicos.
Se porventura não conseguirmos um aumento satisfatório na produção salivar do paciente, o tratamento terá como meta restabelecer sua qualidade de vida e conforto, procurando assim, diminuir as consequências que a queda na produção salivar provocou em sua vida.